segunda-feira, 25 de novembro de 2013



Ele não foi, dentre todos, o mais belo, 
mas me deu o amor mais fundo e longo. 
Outros me amaram mais; e, no entanto, 
a nenhum desejei como a ele. 

Talvez porque o amei de longe, 
como a uma estrela desde minha janela… 
e a estrela que brilha mais distante 
nos parece que tem mais reflexos. 

Tive seu amor como uma coisa distante 
como uma praia cada vez mais solitária, 
que unicamente guarda da onda 
uma umidade de sal sobre a areia. 

Ele esteve em meus braços sem ser meu, 
como a água no cântaro sedento, 
como um perfume que se foi no vento 
e que volta no vento todavia. 

Me penetrou sua sede insatisfeita 
como um arado sobre a planície, 
abrindo em seu fugaz desprendimento 
a esperança feliz da colheita. 

Ele foi o próximo no longínquo, 
mas preenchia todo o vazio, 
como o vento nas velas do navio, 
como a luz no espelho quebrado. 

Por isso ainda penso no homem, aquele, 
a que me deu o amor mais fundo e longo… 
Nunca foi meu. Não era o mais belo. 
Outros me amaram mais… E, no entanto, 
a nenhum desejei como a ele.